Era uma vez, durante um lindo amanhecer de domingo, duas flores dialogavam, inteligentemente, sobre as próprias vidas. Uma rosa vermelha e outra branca. Esse é um comportamento exponencial, acelera o progresso e evita a repetição automática de padrão nas experiências.
Rosa vermelha: Hoje eu estava refletindo
sobre uma experiência que tive ontem. Fui ao supermercado e depois de algumas
compras, chamei um táxi. Ao avistá-lo parando no estacionamento, imediatamente fui
até ele, com todas as sacolas na mão e já abri a porta de trás do carro para
colocar minhas compras. O motorista me disse: “A senhora já está colocando
as sacolas no carro, eu já saí do carro e estava indo para lhe ajudar”. Na
volta, pensei: “Agora vou esperar ele me oferecer ajuda para levar as sacolas
no portão de casa”.
Rosa branca: Fala mais, gosto de análises
da vida cotidiana. Na verdade, Psicologia é enxergar muito além das aparências,
é enxergar em profundidade. E como o motorista do táxi se comportou na chegada?
Rosa vermelha: Ele não me ofereceu nenhuma
ajuda. Continuou sentado enquanto eu arrumava as sacolas para sair do carro.
Rosa branca: Sério? E qual foi seu aprendizado
nesta situação? Ficou com raiva dele?
Rosa vermelha: Não, longe disso. Quem
busca desenvolvimento pessoal não procura culpados, mas se pergunta: “Qual
atitude minha contribuiu para este resultado?”.
Rosa branca: E qual foi sua análise? Por
que o motorista foi solícito e prestativo no início e depois não lhe ofereceu
ajuda novamente?
Rosa vermelha: Mesmo sem palavras, na
minha comunicação não verbal eu disse a ele: não preciso de ajuda, faço
tudo sozinha. Ele apenas foi reativo ao meu comportamento.
Rosa branca: Que interessante! Outra
pessoa displicente com o próprio crescimento apenas reclamaria do motorista e
perderia a grande oportunidade de se perceber na experiência, ter “insights”!
Rosa vermelha: E digo mais, amiga, você
acha que me comporto assim, atravessando as pessoas que se dispõem a me ajudar,
apenas neste momento do táxi? Não!! Na minha inconsciência, no meu pensamento
raso eu pensava apenas que não sabia esperar, sou ansiosa. Em outras palavras,
achando isso lindo, eu sim, sou ágil, dinâmica e dou conta de tudo; os outros
são lentos. Logo, eu sou melhor que todos. Esse meu comportamento é
interpretado pelas pessoas como: “Ela nunca precisa de ajuda”. Não é
verdade, mas meu comportamento mostra isso para as pessoas. E elas apenas
reagem a MINHA conduta. Assim, também, foi o comportamento do motorista de
táxi, eu não soube receber a ajuda dele.
Rosa branca: Então, você percebeu que tem
dificuldade em receber ajuda, por isso, se antecipa, atravessa a ajuda do outro
e desse modo, acostuma todos perto de você nesta dinâmica?
Rosa vermelha: Sim, e depois faço aqueles
discursos de vítima de que ninguém me ajuda, que se for para eu esperar eu
mesma faço, que um dia vão me valorizar e blá, blá, blá. E assim vivo exausta e
sobrecarregada!
Rosa branca: Gostei demais desta análise,
do seu pensamento profundo, vou colar em você; para desenvolver em mim também.
E agora o que você vai mudar no seu comportamento?
Rosa vermelha: Agora é praticar aquela
máxima da CONSCIÊNCIA, depois que você VÊ, não tem como “DISVER”.
Agora que percebi, vou me treinar a receber. Exemplo: ontem mesmo minha irmã
quis trazer um bolo para tomar café da tarde comigo e eu já estava preparada
para falar “não precisa, eu faço aqui”. Lembrei da análise do comportamento no
táxi e disse meio, engasgada, pode trazer o seu bolo, será uma alegria.
Rosa branca: Muito bom, mudança precisa
acontecer na prática para tornar nossa vida melhor. Obrigada por compartilhar
essa experiência comigo. Quero mais.
Adriana Alves de Lima
Psicóloga
